ARQUITETURA, LITERATURA E ANTROPOLOGIA
TEMAS MARANHENSES
Os textos reunidos na presente obra foram publicados originalmente em diferentes jornais e revistas. Versando sobre assunos diversos, possuem no entanto um ponto em comum: todos dizem respeito ao Maranhão. Do ponto de vista temático, são abordadas questões relacionadas à arquiteura, literatura e antropologia.
O TOURO ENCANTADO DA ILHA DOS LENÇÓIS
(O Sebatianismo no Maranhão)
O presente livro trata da lenda que se criou em torno da figura de D. Sebastião, rei de Portugal, desaparecido na batalha de Alcácer-Quibir, no Norte da África, no século XVI. Mito messiânico, o sebastianismo foi trazido para o Brasil, sofrendo aqui algumas modificações de natureza sincrética. O Touro Encantado da Ilha dos Lençóis estuda principalmente a forma assumida por essa narrativa mítica no Litoral Norte do Brasil, mais precisamente na Ilha dos Lençóis, situada entre o Maranhão e o Pará.
Em Portugal, o sebastianismo possuía uma feição eminentemente política, havendo o sebastianismo das classes dominantes e o popular, ambos porém, corporificando uma ideologia libertária. D. Sebastião, o libertados, era chamado ora de O Encoberto, ora de O Desejado.
O Autor, além de estudar o aspecto político do mito em Portugal, analisa o messianismo sebastianista no quadro do sistema de imagens da cultura popular no Brasil. Esmiúça os elementos simbólicos e arquetípicos pertencentes a diferentes culturas, propondo correlações, notadamente ligadas à religiosidade, aos sentimentos religiosos. O seu método é o histórico-cultural, e pretende contribuir para uma "ciência das ideologias".
É por todos os títulos interessante a análise que faz das profecias do Padre Antônio Vieira e da poesia de Fernando Pessoa. Demonstra, por outro lado, a coincidência de motivos entre a narrativa mítica da Ilha dos Lençóis e alguns poemas do poeta português, publicados em seu livro
Mensagem. De igual modo, os motivos recorrentes na obra de Camões, Homero e Virgílio são também analisados com o intuito de identificar suas matrizes ideológicas, análise que se estende à lenda celta acerca da navegação de S. Brandão e às lendas das "maravilhas da Índia".
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O RISO E O TRÁGICO
(Leituras de Bakhtin e outras leituras)
Os ensaios reunidos nessa coletânea alguns são inéditos, outros já foram publicados em revistas ou como prefácio de livros.
Bakhtim ilumina as diferentes formas de biografia e autobiografia, trazendo à baila informações com grande erudição e pouco lembradas em nossos estudos literários atuais. Ele se refere a "tempo biográfico" e a "uma nova imagem específica do homem ao longo de sua vida". Identifica, na Grécia antiga, dois tipos principais de autobiografia. O primeiro é o tipo platônico, a exemplo de A Apologia de Sócrates e Fédon. Na base desse tipo, há o cronotopo ("o espaço e o tempo da vida evocada"). É a vida de quem busca o verdadeiro conhecimento. "O tempo biográfico real dissolve-se quase inteiramente no tempo ideal, até mesmo abstrato, dessa metamorfose. Não é nesse esquema de biografia ideal que se revela a significação da figura de Sócrates".
O segundo tipo principal na Grécia é a biografia e autobiografia retóricas. Em sua base está o "enkominon [encômio], o elogio fúnebre e comemorativo do cidadão, que substitui a antiga deploração". A primeira autobiografia antiga, a defesa de Isócrate, foi determinada pela forma do enkomion.
ALÉM DA IMAGEM VISUAL
Semiologia da Imagem
O presente livro refere-se à semiologia da imagem visual, tanto fixa quanto móvel, os seus diferentes códigos, a sua "combinatória". Nele são expostos não só os conceitos da Semiologia, ou estudo dos signos, detendo-se mais nos signos icônicos ou visuais, bem como os processos de codificação e decodificação, e como intervêm os elementos culturais e os mecanismos psicológicos na interpretação dos mesmos.
Ele tenta responder à questão: o que podemos fazer com os signos e o que estes podem fazer conosco?
É uma obra que interessa aos professores em geral, publicitários, programadores visuais, cineastas, roteiristas de TV e cinema, artistas gráficos, artistas plásticos, cartógrafos, estudantes de comunicação e arte, e estudiosos de literatura.
A PASSAGEM SECRETA
(Uma leitura política de Alice no País das Maravilhas e no País do Espelho)
Pedro Braga, nesse livro, deixa-se contagiar por esse clima lúdico e propõe uma leitura não só política, mas também filosófica, demonstrando possuir o instrumental necessário advindo da Teoria Literária e da literatura comparada. Erudito sem ser pretensioso, ele conduz o leitor a uma caminhada intertextual, muitas vezes por sendas inusitadas, passando por Shakespeare e Edgar Allan Poe. Ele também se diverte ao deslindar certas charadas propostas por Carroll, e alguns enigmas explícitos ou subjacentes nas duas histórias geniais do professor de Oxford. Pedro Braga propõe também ousadas possibilidades de interpretação, com fundamento na lógica e na matemática. Livro sério sem ser sisudo, escrito em um tom de quem faz o (ou participa do) jogo carrolliniano, demonstrando grande rigor em sua abordagem bem fundamentada. Ele pretende, destarte, desvendar o que se esconde por trás do espelho do País das Maravilhas.
A respeito de Lewis Carroll e suas duas principais obras:
Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dodgson) ficou famoso por suas histórias Alice no País das Maravilhas e Alice no País do Espelho. Carroll nasceu em Cheshire em 27 de janeiro de 1832 e faleceu em 14 de janeiro de 1898, em Guildford. Professor de Matemática em Oxford, era também diácomo da Igreja da Inglaterra; foi também um dos pioneiros de retratos fotográficos. Homem quieto e solitário, sofrendo de tartamudez, ficou quase toda sua vida recluso nos muros da Universidade. Nunca se casou e preferia a companhia de crianças, sobretudo meninas, à de adultos.
Em suas duas mais famosas histórias, ele desmistifica o chamado "país das maravilhas". Seus livros não contêm nenhuma moral, em que todos os personagens, ou quase todos, possuem também defeitos. Alguns de seus personagens são engraçados, outros flagrantemente desagradáveis, outros ainda rebeldes.
Professor de Matemática e Lógica, Carroll era um gênio inventivo; tudo buscava transformar em um jogo, aí compreendida a linguagem, com a qual se divertia com trocadilhos, palíndromos, inversões, nonsense, além de outras figuras de retórica e remissões de natureza cultural e histórica.
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Lewis Carroll |
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Alice Liddell |
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John Tenniel - 1º Ilustrador de Lewis Carroll |
* Algumas das ilustrações de John Tenniel:
AMOR E SEXUALIDADE NA LITERATURA DA
IDADE MÉDIA
"... a literatura medieval, de que damos neste livro apenas alguns exemplos, é de grande interesse tanto pela sua beleza em si quanto pelo fato de que serve de referência a obras modernistas, cuja compreensão seria impossível se não se tiver conhecimentos dessas histórias, como é o caso da obra Finnegans Wake, de James Joyce, para citar apenas um exemplo. Além de que as lendas de origem celta até hoje se perpetuarem, transmudadas ou não, pela indústria cinematográfica e discográfica, fazendo parte fortemente da cultura de massa contemporânea. Incluímos, neste livro, como assinalado anteriormente, O Romance da Rosa, texto original em provençal, e Aucassin e Nicolette, escrito em provençal-picard, por serem por muitos títulos emblemáticos da literatura cortesã, com a concepção transgressora do amor e da sexualidade, posto que tal literatura tem essa característica de revolta contra a aviltante condição feminina na sociedade."
Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dodgson) was famous for his stories Alice in Wonderland and Through the Looking-Glass. Carroll was born in Cheshire (England), on January 27, 1832 and died on January 14, 1898 in Guildford. Professor of Mathematics at Oxford, he was also a deacon of the Church of England and amateur photographer. A quiet and solitary man, suffering from stammering, he was almost a recluse all his life inside the walls of the University. He never married and preferred the company of children, especially girls, to adults.
In his two most famous stories, he demystifies the so-called "Wonderland." His books contain no moral, in which all the characters, or nearly all, also have defects. Some of his characters are funny, others blatantly unpleasant, others rebels.
A professor of Mathematics and Logic, Carroll was an inventive genius, and sought to transform everything into play, by which one should understand the language which revels in puns, palindromes, inversions, nonsense, and other rhetorical figures and references to cultural and historical events.
Pedro Braga, in this book, captivates the reader with this playful climate and proposes a reading not only political, but also philosophical, demonstrating possession of the necessary instruments arising from Literary Theory and Comparative Literature. Erudite without being pretentious, he leads the reader on an intertextual journey, often by unusual paths, via Shakespeare, Edgar Allan Poe, James Joyce and the philosopher George Berkeley. He also enjoys unravelling certain riddles proposed by Carroll, and some puzzles which are explicit or underlie the two stories of the brilliant Oxford professor. Pedro Braga also proposes bold possibilities of interpretation, based on logic and mathematics. This is a serious book without being humourless, written in a tone of someone who plays (or participates in) carrollinian games, showing great rigor in his well-founded approach, and he intends thus to uncover what is hidden behind the mirror of Wonderland.