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PEDRO BRAGA BRAZILIAN LITERATURE: This blog intends to be a space for literature’s spreading. A space to freely trade experiences and
point of views based on tolerance and respect for the differences, leading to a healthy interaction.
Literature, as a form of art, is, in fact, one way of social conscience expression, a way to organize our views about the world, to organize the chaos.
Here is a place where not only the literature production itself is embraced, but also, studies that have as a start point, the conception that an
analytical approach to a piece of literature deserves the scientific status: The Science of Literature, which is inserted within an ideological
science as defines by Bakhtin.



sábado, 23 de abril de 2011

AUTOBIOGRAFIA

DE FANTASMAS E LOUCURA




Obra Autobiográfica:
Militante político, primeiramente de Ação Popular, depois do Partido Comunista Francês, esse seu relato não resvala para a autoexaltação nem para as famosas autocríticas, apenas constitui a narrativa de uma vida, tendo como fio condutor a busca de sentido existencial. Busca de sentido feito por um jovem que se torna adulto apesar de seus medos e fantasmas em tempos sombrios - busca essa, não obstante, marcada pela esperança. Ele percorre o itinerário do deserto, mas com a crença na ideía generosa do socialismo, na utopia (?) de uma vida mais digna, o que vale dizer, mais humana para todos. Sonhos, medos e perplexidades se misturam desde a tenra infância e acompanham o autor durante seus trajeto, onde perigos o espreitam como quem anda à beira de um abismo. De uma forma ou de outra, essa experiência transcende a individualidade, é um fenômeno social e político vivido por todos quantos se engajaram, na decáda de sessenta, nos embates em favor da liberdade, da justiça social e do restabelecimento da demorcracia em nosso país. Época em que as convenções eram quebradas e novas formas de relações intersubjetivas eram almejadas, um novo tipo de sociedade mais fraterna e igualitária, com a redefinição de novos papéis tanto para os homens quanto para as mulheres, que reivindicavam, estas últimas, a justo título, um reconhecimento cada vez maior na sociedade. Mas não se trata só da esperança e da utopia, mas igualmente da decepção diante do sonho não realizado, ao fim e ao cabo, devido aos limites da própria condição humana.

Esse livro traz revelações inédita sobre os bastidores da luta estudantil e perfis que podem chocar àqueles que idealizam a figura do "revolucionário" ou do comunista tido como "santo e mártir" de uma nova causa.
A infância nos remete para o Ateneu, de Raul Pompéia, com as agruras por que passam todos os jovens no ambiente escolar e familiar. É um livro de nuances, escrito em um estilo simples e geralmente poético.
Como afirma o próprio autor, "O mundo e a mente são feitos de luz e sombra e de suas gradações. No final do tempo do absurdo, em que não haverá mais fantasmas nem loucura, seremos de novo poeira de estrelas. Poeira de estrelas com sede do Absoluto".

Um comentário:

  1. Um livro autobiográfico que vejo como um suspensório para além do sentido existencialista.... impossível não imprimir marcas enquanto leitura crescente da passagem de um jovem para a vida adulta.... impossível não entrar no enredo e na trama vivencial de cada página.... algumas passagens chorei copiosamente ao perceber o quanto uma pequena luta que seja , agiganta-se....Um grande homem que eu pouco conhecia.... Conquistou muito de minhas internas.....e do meu respeito e admiração.... Medos revelados que não precisam de escudos.... a própria voz tem a força de um trovão.....família, amor, morte, sentido, desejo de igualdade..... um pouco que se torna muito......

    Numa passagem sobre morte( pág 104) Leloup: Acertei minhas contas com a vida, quero dizer: a eventualidade da morte está integrada em minha vida.Olhar a morte de frente e aceitá-la como parte integrante da vida é alargar esta vida.Ao inverso, condenar desde agora à morte um pedaço desta vida, por medo da morte por recusa em aceitá-la,é o melhor meio de só guardar um pedacinho da vida mutilada,que mal merece o nome de vida.Isso parece um paradoxo...excluindo a morte de nossa vida,privamos-nos de uma vida completa e, acolhendo-a, alargamos e enriquecemos nossa vida.....

    Livro apaixonante e muito revelador.....Obrigada, tio, pela oportunidade de conhecer a tua experiencia de vida.....

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