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PEDRO BRAGA BRAZILIAN LITERATURE: This blog intends to be a space for literature’s spreading. A space to freely trade experiences and
point of views based on tolerance and respect for the differences, leading to a healthy interaction.
Literature, as a form of art, is, in fact, one way of social conscience expression, a way to organize our views about the world, to organize the chaos.
Here is a place where not only the literature production itself is embraced, but also, studies that have as a start point, the conception that an
analytical approach to a piece of literature deserves the scientific status: The Science of Literature, which is inserted within an ideological
science as defines by Bakhtin.



sexta-feira, 15 de abril de 2011

ROMANCES

 JAMES JOYCE EM BRASÍLIA


James Joyce em Brasília é um romance cuja história se passa na capital federal, com temas recorrentes da dinâmica da vida na cidade, mostrando a integração de diversas culturas que coexistem nesse espaço urbano. 
Trata-se, igualmente, de um trabalho de metalinguagem, com estilo calcado nas pegadas de James Joyce, com referências expressas ou implícitas à obra Ulisses e até, de passagem, a Finnegans Wake, sem, no entanto, constituir paródia nem pastiche.
O trabalho criativo sobre a linguagem realizado pelo autor demonstra as diferentes possibilidades na utilização do idioma, sobretudo para os jovens leitores.
Neste pequeno romance, é questão da “epopeia” das pessoas comuns, sem nenhum heroísmo, pessoas que se movimentam num cenário urbano em um cotidiano sem grandes feitos nem fatos, mas com situações e diálogos inusitados. Algumas crenças e visões de mundo já estão bem presentes no imaginário dos habitantes da cidade, bem assim o comportamento delas decorrentes. Essas crenças dizem respeito à Era de Aquário, à suposta predestinação dos que moram no Planalto Central, as antevisões de D. Bosco, e têm como pano de fundo as fantasmagorias advindas do fato de a cidade ser a capital política do país, com tudo que isso representa.
Estamos diante de um romance ao mesmo tempo lúdico e lúcido, em que o autor brinca com a linguagem.




O ANJO DA SOLIDÃO


O Anjo da Solidão constitui uma narrativa plástica, visual. O estilo do autor é contido, enxuto, ao mesmo tempo dramático e poético. O enredo é bem urdido e a escrita, aliciante. Baseia-se em uma história real que se passa nos anos de 1920, em um período conturbado da vida política brasileira. O personagem principal, que participa da Coluna Prestes, vive os seus pequenos grandes embates no plano da consciência, ele que sempre buscara a terra da promissão.
O romance corre hoje por todos caminhos principais: um, o do romance popular, que se destina ao grande público e corresponde, na sua divulgação intensa, aos folhetins do século XIX, ao gosto da multidão; outro, o do romance de laboratório, com seus requintes de forma e de técnica narrativa, e que tem, como ponto de partida, no século XX, o Ulísses, de Joyce.
Cervantes, no século XVII, com o Dom Quixote, a pretexto de satirizar o romance de cavalaria, que era então o romance popular, apoderou-se de seus processo narrativo, dando-nos o primeiro grande romance moderno - ao mesmo tempo popular e literário.
E é essa, no modo de ver de críticos e ensaístas, a grande conciliação dos dois caminhos do romance, marcando-lhe o itinerário, do que seria culminação o grande romance do século XX com Balzac, Flaubert, Zola, Tolstoi, Dostoieviski, Stendhal, Eça de Queiroz e Machado de Assis, entre outros.

Pedro Braga optou, para esse romance, por uma solução intermédia - nem romance popular nem romance de laboratório. Preferiu ajustar-se ao molde do romance tradicional, sem perder de vista as soluções técnicas modernas, e é nisto também, além da bela história de um emigrante em busca do paraíso, que está o grande mérito dessa obra.
Pedro Braga não é um narrador que escrevesse um romance como se fizesse uma vilegiatura literária. É um narrador competente, que tinha o que nos contar.



OS AMANTES DE ALCALÁ

 


Essa é uma novela que se passa em Madri no final do século XIX e começo do século XX e retrata a saga de uma família burguesa, tendo como pano de fundo os turbulentos acontecimentos políticos e a intensa atividade cultural que marcaram aquele período da História da Espanha.
Traz como referencial cultural a rica produção no âmbito das artes plásticas espanholas e reporta-se à literatura, à dramaturgia, à cultura popular e a pensadores daquele país, como Unamuno, por exemplo.
A história trata de temas que dizem respeito ao comportamente humano e à sua complexidade.

Trabalho criativo, com diálogos intensos e verossímeis, mostrando a fragilidade das relações humanas, mas também a riqueza interior de cada personagem - é o que o autor nos propõe nesse livro.
Demonstra, por outro lado, as possibilidades da linguagem e criatividade em cenários de um país, no caso a Espanha, que muito contribuiu para a formação cultural do Ocidente tanto no campo da arte pictórica quanto da literatura. Numa linguagem que flui com leveza, passeia-se pelos encantamentos da mitologia como temática de murais e reflexões sobre a vida e a arte.

Essa novela é baseada numa história real.




O FILÓSOFO DA RUA DO PECADO



Esse romance relata as muitas viagens de um arqueólogo por diferentes lugares e também por suas reminiscências, suas e daqueles com quem conviveu.
O narrador tenta capturar episódios de vidas marcadas por tristezas, pesar, consternação, mas também por paixões de juventude, amor, afeto, fugas, saudade.
Livro profundamente humano que reflete sobre nossa frágil condição, numa visão ora trágica, ora descontraída, em um cenário muitas vezes de sol claro e frequentemente de sombra crepuscular.
É um relato comovente sobre possibilidades frustradas, desencanto, desprendimento heroico e profundas reflexões sobre o passado e o presente, sobre a arte e o intinerário do gênero humano. O autor adota a técnica da mise en abîme que consiste em contar histórias dentro da história - a narrativa se desdobrando em diferentes outras narrativas como se fossem ecos de dentro do abismo.




A CORDILHEIRA


Esta é uma história de amor e saudade que se passa nos anos 50 no Brasil e Bolívia. De um amor tocado pela brisa da então “Cidade Maravilhosa” à perseguição política nos país andino. História comovente de uma estreita ligação afetiva e a dificuldade de dizer adeus. A Cordilheira dos Andes, com sua majestade, é o cenário privilegiado desse drama humano; o seu principal pano de fundo.
Amor, morte, saudade – ingredientes presentes em tudo que é humano. História pungente de lucidez e insanidade e de fidelidade ao outro, de busca e surpresas, até que a visão do condor andino põe termo ao sofrimento.
Belo e comovente livro este!




LA CORDILLÈRE


Il s´agit d´une histoire d´amour et de nostalgie qui se passe pendant les années 50 au Brésil et en Bolivie.
D´un amour touché par le tendre souffle du vent de la « Cité Merveilleuse »  jusqu´à la persécution politique au pays des Andes. Histoire poingnante d´une liaison affective étroite et la difficulté de se dire adieu. La Cordillère des Andes, avec sa majesté, est le scénario privilégié de ce drame humain; son principal décor.
Amour, mort, nostalgie – tous les ingrédients présents dans tout ce qui est humain. Histoire émouvante de lucidité et de déraison, de fidélité envers l´autre, de quêtes et de surprises, jusqu´à la vision du condor des Andes qui met fin à la souffrance.
Un très beau livre, très émouvant!




RETRATOS DO MUNDO FLUTUANTE



A presente história se passa em uma comunidade de imigrantes japoneses e descendentes em uma pequena cidade de São Paulo. A trama é construída tendo como fio condutor a arte figurativa japonesa, sobretudo a obra de Katsushika Hokusai, e aí principalmente A Grande Onda de Kanagawa, objeto de reflexões do narrador. Referências são feitas a outros aspectos da cultura japonesa, como “o caminho da escrita”, o miai (casamento arranjado), ainda remanescente, à poetisa Ono no Komachi, bem assim a fatos históricos ocorridos no seio da colônia no pós-guerra.
É um romance repleto de sentimento e de dor. Não aquela dor lancinante, de morte. É uma dor de vazio, que não mata, mas nos faz deixar de viver na sua plenitude. Dor discretamente suportada, algo abafada, captada por ouvidos tão sensíveis do narrador, que a percebe de modo tão suave, cheio de sutilezas, que o sofrimento recebe uma aura de dignidade.
Trata-se, enfim, de uma história de amor não correspondido, ruptura com a tradição, esperanças frustradas e solidão. 




O MISTÉRIO DA VIA RÁPIA

o homem que roubava palavras



Ficção policial com uma trama que constitui uma alegoria dos tempos modernos. Remonta à origem do romance policial criado por Edgar Allan Poe, com o livro Os Assassinos da Rua Morgue, gênero depois desenvolvido por Sir Arthur Conan Doyle, a partir de Um Estudo em Vermelho. Sempre num  tom humorístico, o autor de O Mistério da Via Rápia; o homem que roubava palavras trata da técnica de fazer dicionários, de literatura, retórica, filologia e até da "economia política" da palavra  tudo isso em uma afabulação que tem como personagem principal o ladrão de palavras, que conta com dois outros comparsas. Esse livro mostra de maneira divertida como, mediante uma linguagem orientada para o  exercício do poder sobre os outros, surgem os tiranetes do dia a dia, que a utilizam como forma de manipulação e dominação.

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